Versiculo

"[...] e oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus." Ef 3:17-19

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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

VELHICE, PORQUE NÃO? 

                              PARTE - II

(LyaLuft)

MIGAS,

Espero e desejo que todas vocês entendam que o objetivo deste texto, que é mostrar o prós e contras do envelhecimento. Super a favor de qualquer cuidado, alguns procedimentos estéticos (só cuidar dos exageros) que só trazem malefícios. A ultima frase do ultimo post anterior E como embora sendo mulher, escrevia como homem". E recomeçamos desse ponto.



A literatura feita por uma mulher não precisa se socorrer desse aval “mas ela escreve como um homem” para ser boa. Visitei uma artista plástica de quase 90 anos que pinta telas de uns vermelhos palpitantes. E eu lhe disse:
“Seus quadros celebram a vida.” Ela respondeu junto do meu ouvido, brilho nos olhos: “Eu os crio para mim mesma, para me divertir.” Seu rosto enrugado e seu corpo já encurvado emanavam uma alegria de viver que me causou a mais confessável das invejas.

Por um instante desejei ter chegado, enfim, ao mesmo patamar – onde muitas coisas pelas quais hoje luto e sofro fossem uma celebração tranquila. 


Uma mulher de 60 anos me pegou pelo braço, me levou para o canto, e sussurrava: “Por que decretaram que mulheres da nossa idade estão acabadas?”, e tinha lágrimas nos olhos. “Não sei”, eu disse, “mas nem você nem eu estamos acabadas, tenha certeza disso. Mudou meu corpo mas eu ainda sou a mesma.”


Minha interlocutora era uma bela mulher com filhos independentes e boas amizades. O buraco em sua alma era o da autoestima, porque uma sociedade tola não lhe dava o direito de sentir-se plena, e impunha mesmo à sua mente ativa e capaz o conceito de que agora valia bem menos do que aos 40 anos. E a cada ano, a cada dia, valeria ainda menos. “Eu daria tudo, mas tudinho, por ter a cabeça de agora… no corpo dos meus 30 anos!”, ouvimos.


 
“Trato bem ao meu corpo, esse grande gato”, escreveu uma poeta com essa sensatez dos artistas e das pessoas simples. “Afinal até aqui ele me serviu, e cada dia gosto mais dele, do jeito que está ficando.” Gostar de seu velho corpo com sua necessidade de cuidados e de amor, de mais treinamento para que funcione direito, de paciência porque nem sempre é como lembro que foi um dia, é uma forma de felicidade que a experiência pode ensinar.


Há poucas décadas alteraram-se nossos prazos, e os conceitos sobre juventude, maturidade e velhice. Passamos a viver mais. Nem sempre passamos a viver melhor. Esse me parece um dos mais extraordinários desperdícios da nossa época. Minhas avós, muito mais jovens do que sou agora, me pareciam – e deviam se sentir – velhas: lentas e vagamente reumáticas, roupa escura, cabelo grisalho, óculos na ponta do nariz, fazendo doces ou tricô. Verdade que minhas avós eram vistas seguidamente com livro na mão – lia-se muito na minha casa. Mesmo assim, para nós crianças eram velhas damas.


Inimaginável que tivessem sido meninas e jovens mulheres. “Vovó fez amor alguma vez, pelo menos para ter o papai e a titia”, era uma ideia escatológica. Pai e mãe tendo vida amorosa na remota era em que se casaram já nos parecia estranha.

Hoje as avós dirigem seu carro, viajam, jantam fora com amigas, usam computador, e de modo geral parecem muito mais felizes do que as damas de antigamente. Mas, ambíguos como somos, por outro lado mais que nunca viceja o repúdio à velhice.



Lembro uma propaganda de televisão mostrando uma mulher idosa de xale nos ombros, rosto murcho e desolado, vagando por um corredor. Abria portas e contemplava os quartos vazios onde sua fantasia fazia ecoar a voz dos filhos, do marido. Era a imagem da pobre velha abandonada que perdeu tudo –porque perdeu a juventude. 



Não vejo por que em lugar desse sinistro teatro da velhice não se poderia transformar um quarto de filho em salinha de televisão, em ateliê para pintar ou fazer cerâmica, em quarto de hóspedes para convidar alguma amiga a passar o fim de semana… em quarto para os netos. Por que, se um aposento não tem mais utilidade direta, não terei mais direito a ele?

MIGAS!

SE VOCÊS NÃO ESTAM GOSTANDO, EUZINHA ESTOU APRENDENDO UM MONTE. COMO FILHA ÚNICA, PRATICAMENTE NO CONVIVI COM PESSOAS IDOSAS, DE FORMA QUE TAMBÉM NÃO APRENDI NADA SOBRE ESTA PREPARAÇÃO DA VELHICE.



UMA FELIZ SEMANA FELIZ!


BEIJOS NO CORAÇÃO!


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